Introdução: A neurotuberculose (NTB) responde por 11,7% dos casos de tuberculose em menores de 15 anos. É complicação frequente da tuberculose disseminada, especialmente na população pediátrica. Este estudo busca relatar um caso de NTB como causa de sintomas neurológicos atendido em pronto-socorro pediátrico e discutir o manejo evitando atraso na conduta terapêutica específica.
Descrição do caso: AFRS, 10 anos, masculino, previamente hígido, natural de São Paulo/SP, admitido com história de 3 meses de cansaço progressivo, perda ponderal, sonolência, mudanças comportamentais progressivas, anemia, tontura, disartria e redução da acuidade visual intermitente. Procurados diversos serviços médicos e tratado com sintomáticos. Evoluiu com confusão mental, perda de força, agitação psicomotora e cefaleia intensa. Na admissão, apresentava taquipnéia, bradicardia, hipertensão, Glasgow 12, normoglicemia, sem sinais meníngeos e lesões mucocutâneas. Realizados exames complementares e iniciada corticoterapia, antibiótico e antiviral. A neuroimagem apresentava lesão hipoatenuante na substância branca parietal esquerda, sugestiva de edema vasogênico. Líquor com aumento de celularidade, predomínio de linfócitos, hiperproteinorraquia, hipoglicorraquia e ADA aumentado. Aventada hipótese de NTB e iniciado esquema RIPE.
Discussão: No presente relato, os sintomas neurológicos não foram valorizados em seus atendimentos iniciais, determinando atraso no diagnóstico e progressão da doença. Os sintomas neurológicos podem ser inespecíficos por isso a importância da interpretação dos exames complementares para a elucidação do diagnóstico e tratamento adequado.
Conclusão: Tendo em vista o perfil clínico-epidemiológico em um país endêmico, a NTB, apesar da baixa incidência na população pediátrica precisa ser considerada como diagnóstico diferencial devido sua elevada morbimortalidade.