Introdução
A adolescência é caracterizada por transformações físicas e
neurocomportamentais, incluindo modificações no padrão de sono, caracterizadas por alterações homeostáticas e circadianas, com atraso fisiológico nos horários de sono e dos demais ritmos biológicos.
Essa transição aumenta o risco de desenvolver distúrbios do sono, como a
insônia, presente em 10% dos adolescentes, além de sintomas psiquiátricos comórbidos como depressão e/ou transtornos ansiosos. Sintomatologia em comum envolve prejuízo físico, emocional e acadêmico.
Além disso, o sono insuficiente e fatores ambientais como uso de telas
contribuem para tais queixas, assim como aumentam o risco de obesidade associado ao aumento da apneia obstrutiva do sono nesta população, podendo atingir até 61%.
Estima-se que até 72% dos adolescentes dormem menos que o tempo mínimo
recomendado.
Objetivo
Descrever o perfil dos distúrbios do sono nos adolescentes em
acompanhamento em centro terciário de sono infantil.
Método
Analisamos os prontuários de adolescentes entre 12 e 18 anos acompanhados no ambulatório de sono infantil, encaminhados por outras especialidades após apresentarem suspeitas de distúrbios do sono entre 2017 e 2023.
Foram excluídos adolescentes com doenças neurológicas estruturais.
Extraímos dados demográficos, medicamentosos, comorbidades, queixas clínicas e diagnóstico do distúrbio de sono.
Resultados
Foram incluídos 40 adolescentes entre 12 e 18 anos, dos quais 55% eram do
sexo masculino.
Quanto aos diagnósticos relacionados ao sono, 15% apresentavam
parassonias não REM, 70% distúrbios respiratórios, 5% distúrbios do movimento, 5% hiperssonias de origem central, 17,5% queixas relacionadas ao ritmo
circadiano. Ademais, 32,5% dos adolescentes tinham sono insuficiente.
Quanto às comorbidades, 42,5% portavam obesidade e 25% transtornos
neuropsiquiátricos. Os distúrbios respiratórios foram mais frequentes entre os
pacientes com obesidade, enquanto os demais, prevaleciam entre aqueles com transtornos neuropsiquiátricos.
Conclusão
Distúrbios do sono são particularmente frequentes em adolescentes com
comorbidades psiquiátricas e obesidade, devendo ser investigados de forma
ativa nesta população.