PNEUMOMEDIASTINO ESPONTÂNEO EM NEONATO A TERMO: RELATO DE UM CASO

INTRODUÇÃO: Pneumomediastino espontâneo em recém-nascido (RN) a termo, não submetido à ventilação com pressão positiva ou sem patologia pulmonar subjacente, é uma entidade rara e geralmente subdiagnosticada. Este trabalho visa relatar o caso de um RN que apresentou pneumomediastino espontâneo nas primeiras horas de vida. DESCRIÇÃO DO CASO: Nascido de parto vaginal, 39 semanas e 5 dias, APGAR 8/9, pesando 3690g, sem intercorrências no parto ou alterações ao exame físico inicial, apresentou às 62 horas de vida abafamento de bulhas cardíacas. Devido dificuldade na visualização da região paraesternal em ecocardiograma foi aventada hipótese de pneumomediastino, confirmada pela radiografia de tórax com presença de imagem hipertransparente em hemitórax esquerdo inferior e sinal da ´vela de Spinnaker´. RN foi transferido para unidade de cuidados intermediários onde recebeu oxigênio suplementar com cateter nasal por dois dias e no sexto dia de vida recebeu alta após total resolução da imagem radiológica. DISCUSSÃO: Pneumomediastino espontâneo é uma condição rara, correspondendo a 1% dos casos totais de pneumomediastino. Devido ao aumento súbito de pressão intra-alveolar ocorre surgimento de um gradiente de pressão e consequente ruptura de alvéolos pulmonares, fazendo com que ocorra a dissecção do ar pelo hilo através de fáscias peribroncovasculares e mediastinais. Por este motivo, na maioria das vezes, surge associado à síndrome de aspiração meconial, pneumonia, doença das membranas hialinas, ventilação com pressão positiva e traumatismos associados ao parto. Dois achados são patognomônicos da síndrome: crepitação precordial durante a sístole e o sinal da ´vela de Spinnaker´ na radiografia de tórax. O uso de oxigênio suplementar por cateter nasal é capaz de promover maior absorção do ar presente no mediastino e levar à resolução completa do quadro. CONCLUSÃO: O diagnóstico precoce otimiza o tratamento adequado e evita procedimentos desnecessários.