RELATO DE CASO: ABSCESSO CEREBRAL DE FOCO ODONTOGÊNICO

INTRODUÇÃO: Abscessos cerebrais são lesões purulentas locais advindas de infecção intracraniana que têm início em uma área de inflamação, evoluindo para coleção purulenta encapsulada por células da glia e fibroblastos. DESCRIÇÃO DO CASO: Menino, 3 anos, busca atendimento queixando-se de cefaléia de forte intensidade iniciada há 15 dias, sem melhora à morfina, associada a náuseas, êmeses e diplopia, evoluindo com febre há 3 dias. Após alterações sugestivas de abscesso cerebral em tomografia de crânio, foi realizado punção retirando 35ml de secreção purulenta. Iniciou-se ceftriaxona e metronidazol durante 15 dias, por apresentar piora clínica, retorno das queixas iniciais e episódio de crise convulsiva, foram substituídos por vancomicina e meroperem, adicionando fenitoína. Realizou-se nova tomografia, evidenciando malformação cística arredondada, em região frontal direita com halo de edema, desviando linha mediana, comprimindo o sistema ventricular e apagando os sulcos corticais, efetuando-se nova punção. Desde então, apresenta boa evolução clínica, sem novas convulsões, sem alterações dos exames laboratoriais e acompanhando o abscesso através de tomografias, que mostram progressiva melhora dos aspectos. Investigando suas possíveis causas, após avaliação do otorrinolaringologista, descartou-se rinossinusite como foco, mas percebendo má conservação dentária, cáries e monilíase oral, evoca-se como principal suspeita a origem de foco odontogênica, porém, devido a indisponibilidade de culturas no serviço impossibilitou-se confirmar o agente etiológico, mantendo o tratamento empiricamente com base epidemiológica. DISCUSSÃO: O abscesso cerebral se dá por disseminação hematogênica de foco infeccioso, principalmente otites, mastoidites e sinusites. Especialmente ligados às sinusites, situa-se mais frequentemente em lobo frontal, assim como no relato. Porém, notamos a origem em outro foco, mostrando a importância da avaliação completa do paciente. CONCLUSÃO: Mesmo possuindo baixa incidência epidemiológica, tal abscesso é uma complicação de infecções comuns na pediatria trazendo graves alterações neurológicas, deixando sequelas para toda a vida, sendo importante melhorar seu processo diagnóstico e especificidade do tratamento.