Introdução
A síndrome compartimental abdominal (SCA) pode levar à disfunção de múltiplos órgãos e é reconhecida como uma condição grave, causa de importante morbidade e mortalidade, particularmente em crianças.
Descrição do Caso
Feminino, 14 anos, com diarréia líquida, febre e vômitos, evoluindo com dor em região inframamária direita por 5 dias, durante este período, procurou atendimento por duas vezes, sendo tratada com antibioticoterapia, antiemético e probiótico. No sétimo dia de quadro foi atendida em nosso serviço, por oligúria. À admissão, iniciado protocolo sepse. Exames iniciais evidenciaram Ureia 187 mg/dl e Creatinina 5 mg/dl, além de acidose metabólica, foi transferida para UTI. Realizado ultrassonografia compatível com apendicite aguda e moderada quantidade de líquido livre. Foi submetida à laparotomia devido insucesso com videolaparoscopia por bloqueio de alças. Achado intraoperatório de apendicite aguda perfurada com peritonite purulenta difusa. Após o procedimento foi estabilizada e evoluiu com rápida recuperação da função renal.
Discussão
A SCA pediátrica é definida como uma elevação sustentada na PIA superior a 10 mmHg associada a um novo início de disfunção ou falha de órgãos. A incidência varia entre 0,6% e 9,8% na escassa literatura pediátrica e com elevada taxa de mortalidade apesar da descompressão cirúrgica. Relatamos aqui uma paciente apendicite aguda perfurada, abdome tenso e com piora de função renal que melhorou após descompressão abdominal, sem necessidade de terapia de suporte renal. Ressaltamos a importância de manter a vigilância para este diagnóstico subdiagnosticado em pediatria.
Conclusão
Apesar da redução consistente da pressão intra-abdominal após a descompressão, a mortalidade geral em pacientes pediátricos com SCA permanece alta. Atrasos no diagnóstico e tratamento pioram significativamente o prognóstico, destacando a necessidade de um diagnóstico precoce e tratamento imediato para melhorar os resultados dos pacientes